723 Anos, hoje

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Hoje é um dia especial para os conimbricenses e, especialmente, para aqueles ligados à Universidade de Coimbra. A mais tradicional universidade portuguesa completa 723 anos de existência. Uma marca gloriosa que assombra até mesmo os que já sabem da antiguidade da UC.

A Universidade de Coimbra foi fundada em 1 de Março de 1290, pelo rei D. Dinis, o Trovador e foi reconhecida pelo papa Nicolau IV numa bula datada de 9 de Agosto do mesmo ano. Era chamada de Studium Generale e não foi criada em Coimbra, mas sim em Lisboa, ao que parece na zona do actual Largo do Carmo, onde funcionou pelos seus primeiros 18 anos. Não era uma “universidade” no sentido que concebemos hoje, mas um local dedicado ao estudo, ensino e pesquisa de algumas ciências clássicas importantes, como Artes, Direito Canônico, Direito Romano e Medicina. Posteriormente entrou a Teologia, antes lecionada nos conventos franciscanos e dominicanos.

A Universidade portuguesa foi um caso singular de instituição que mudou de sede diversas vezes, o que faz com que outras instituições tradicionais neguem toda a antiguidade da qual dela se fala. Em 1308, muda-se para a trincana urbe (dizem que isso ocorreu, entre outras coisas, porque os lisboetas não suportavam a agitação e fanfarra dos estudantes). Passados 30 anos, retorna à capital do país. Em 1354, volta à  antiga Aeminium, onde permanece por 23 anos, até encontrar-se novamente em Lisboa.

No ano de 1537, o rei D. João resolve fixar definitivamente a Universidade portuguesa em Coimbra e o faz, instalando-a no edifícil medieval da Alcáçova, prédio esse que anteriormente teve outras funções, como a residência de nobres de alta posição. Até hoje, a Faculdade de Direito está nesse edifício, e nele ainda deve permanecer por bastante tempo. Não é à toa que no pátio da Alcáçova existe uma maçiça estátua de D. João III e, num largo próximo, outra de D. Dinis, certamente os monarcas mais significativos na história da Universidade.

A Universidade de Coimbra é uma das mais antigas universidades europeias em funcionamento, superando as de Lérida (1300), Roma (1303), Florença (1321), Viena (1365), Heildeberg (1385) e de Oslo (1810), por exemplo. De uma pequena escola medieval que tardou em alcançar prestígio em seu próprio país(mesmo depois de fundada, a maioria dos estudantes portugueses ainda preferia ir estudar em Salamanca ou em Paris), ela hoje possui pouco mais de 20 mil estudantes em vários graus, da Licenciatura ao Pós-doutorado, divididos em 8 faculdades (Letras, Direito, Medicina, Farmácia, Ciência e Tecnologia; Economia; Psicologia e Ciências da Educação; e Ciências do Desporto e Educação Física). É uma universidade bastante conhecida não só no contexto europeu como também a nível mundial por sua excelência e rigor. Além disso, não poucas figuras de destaque já passaram por seus bancos: Luís de Camões, Pedro da Fonseca e o grupo de filósofos e teólogos conhecido como “Os Conimbricenses”, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Almeida Garret, Camilo Castelo Branco, Pedro Nunes, Egas Moniz (o primeiro Nobel português), José Bonifácio (o patriarca da independência brasileira foi até professor de geologia na UC), Eugénio de Castro, António Nobre, Camilo Pessanha, Bartolomeu de Gusmão, J. J. Gomes Canotilho, Eduardo Lourenço, A. Oliveira Salazar, dentre tantos outros.

Fico muito feliz com esse aniversário de minha universidade. Independentemente da gravíssima crise financeira por que passa Portugal, a data deve ser comemorada. A crise vai passar, mas a Universidade de Coimbra vai permanecer.

Sobre Fábio V. Barreto

Católico, aprendiz de escritor, ávido por conhecimento, e outras coisas mais.
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